Combata a Homice!

Talvez, você pode estar achando que com esse título, o texto pode estar deslocado, mas não. O objetivo aqui é sim falar de sustentabilidade no mercado das artes.

         A partilha realizada nesse ambiente me leva a observar meu cotidiano incômodo e pensar: Como posso dividir isso com elas? Não no sentido do desabafo, mas sim, no intuito de trazer questões que considero boas para pensar, aprender e transformar.

       Pois bem, hoje gostaria de falar sobre o maior obstáculo de sustentabilidade no mercado das artes e da produção cultural como um todo: o tal do macho!

      A subordinação da mulher ao homem atravessa todas as classes sociais, sendo legitimada também por todos os campos, inclusive e principalmente no campo do mercado cultural.

      É manas, não tá sendo fácil. Como diz uma amiga, todo dia é dia de fingir demência para não gastar o réu primário e preservar a saúde mental! E o pior de tudo é que, dependendo da maneira como você se posiciona, comunica ou respira (rs) você sempre será adjetivada como: reativa, agressiva, doida, mal educada, mal amada ou mal comida.

Já aconteceu com você?

       É importante pensar em maneiras de combater e resistir a homice. Uma maneira de iniciar talvez seja pensando na equipe de produção que você contrata para execução do seu trabalho. Pare agora tudo que está fazendo e faça uma lista de profissionais mulheres que atuam no mercado da produção cultural. Quantas produtoras, jornalistas, editoras, videomakers, fotógrafas você conhece? Quantas são de Cuiabá? Quantas são negras? Quantas são indígenas?

     Além disso, elenque nessa lista também, qual o tipo de trabalho a maioria das mulheres que você contrata, realiza na execução dos seus projetos? O trabalho realizado por elas é mais intelectual ou operacional? Quem toma as decisões? E porquê?

      Tá vendo? É difícil né?

      Sei o quanto é desafiador! Por isso, tenho tentado praticar a orientação da intelectual e ativista Ângela Davis que reforça a importância de se realizar o exercício de “erguermo-nos enquanto subimos”, ou seja, enquanto eu subo um degrau, eu ajudo a outra mana a subir também e a outra mana, ajuda outra e essa ajuda outra e assim vamos juntas abalando as estruturas sociais que nos cercam e nos intoxicam cotidianamente.

       Outra forma de combater a homice é elencar situações as quais você não irá mais se sujeitar. Deixe essa lista bem visível para que você possa se lembrar e se fortalecer. Vou iniciar aqui mas peço sua ajuda para terminar. Aí vão eles:

  1. A gente não tem que aturar, nem suportar, nem respeitar homi fazendo homice no campo profissional (nem no pessoal);
  2. A gente não precisa ser nem didática, nem paciente com homi. O mundo inteiro já está a favor dele. Ele que lute!;
  3. Você pode ocupar um lugar de tomada de decisão e ainda assim ser gentil. Não deixe que o seu nível de responsabilidade na função que ocupa te desumanize, pois é isso que os homi querem. E isso em nada tem a ver com a divisão das emoções que naturalizam os homi  como seres mais brutos e as mulheres serem mais delicadas, ser gentileza tem a ver com humanidade.

Daqui pra frente é com você

Elenque nos comentários que tipo de homice você não vai mais  aturar.

Vou adorar ler

Cuide-se!

Observação:

A igualdade de gênero é o objetivo número 5 dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável que já falei no primeiro texto. A meta  5.5 deste objetivo diz o seguinte:

Garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, econômica e pública.

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