Liderar com afeto

Li.de.rar: conduzir pessoas

Com.a.fe.to: com carinho e inspiração

Aprendi com o meu pai uma liderança à moda antiga, de fazer junto, desbravar fazendas, madeireiras, tocar o gado em cima de um cavalo, entre outras atividades. Fui percebendo que havia um jeito do meu pai liderar que despertava em mim um grande fascínio! E sabe qual era o elemento chave? Quando ele queria algo bem-feito ele fazia junto, errava e acertava ao meu lado, isso me dava a segurança de compreender que não estava sozinha e força para inovar e experimentar coisas novas.

Meu pai é e foi meu grande exemplo de gestor pelos grandes resultados que sempre alcançou em sua carreira, me espelhei em alguém que priorizou o trabalho à família, que esperava o perfeito ao invés do bem-feito, que resultados são mais importantes que os meios, mas também que sabia comemorar as conquistas e liderar pelo exemplo. Admito que algumas questões desta forma de liderar ficaram enraizadas dentro mim e que é muito difícil mudá-las.

Hoje me esforço ao máximo para priorizar o feito, pois o perfeito só vem com a prática e é claro que resultados ruins não são o objetivo, mas são o caminho.

Anos mais tarde, após assumir de paraquedas a gerência de uma unidade do “Sistema S no interior” eu me vi carregando uma bagagem profissional de respeito. Várias premiações, reconhecimentos e uma promoção à coordenação regional pelos resultados obtidos na unidade… tudo lindo, mas, na prática não foi bem assim, me faltava alguma coisa… leveza… e só com o passar dos anos e com a participação de pessoas importantes na minha vida pessoal e profissional pude perceber.

Precisei entender que precisamos ter equilíbrio entre o profissional e o pessoal, pois, senão, a “vaca vai para o brejo” rapidinho. E o mais importante e mais difícil, o que tento treinar em mim todos os dias, o resultado não depende só de você! E isso não pode ser um fardo, pois a vida precisa ter leveza ou a gente adoece, como eu já adoeci.

Foi assim, na prática de uma menina gestora, inquieta e inconformada com os resultados comuns. Foi assim que comecei a experimentar e descobrir uma nova forma de agir e pensar, ou melhor, ainda estou aprendendo e exercitando, pois mudar não é fácil.

Nos erros e acertos, avanços e tropeços que vivi na minha vida profissional, aprendi que Liderar com Afeto é possível, é mais leve, mais prazeroso e muito mais lucrativo (em todos os sentidos). E que para ter uma vida tranquila e com significado basta fazer o que você ama estruturando sua vida profissional da maneira certa! E é sobre isso que vamos falar hoje.

Então eu separei aqui três conselhos/reflexões para nós mulheres que desejamos liderar de maneira mais positiva, sustentável e com resultados. Para mim são dicas pessoais que tenho que olhar para elas todos os dias para transformar a minha jornada, fácil não é, mas ver alguns resultados nas nossas relações e motivações é bom demais!

Bora lá!?

1) SE ESPELHE EM OUTRAS MULHERES!

Hoje há uma grande tendência em garantir que mais mulheres se tornem líderes, inclusive muitas premiações e reconhecimentos na área de desenvolvimento de pessoas levam em consideração tão somente a quantidade de mulheres em cargos de liderança e não a qualidade do clima organizacional que estas mulheres enfrentam em seus postos de trabalho (mas esse tema é para uma outra discussão) e quando identificadas organizações que ainda não atingiram esse “patamar”  são dadas muitas sugestões meio que incoerentes, sendo uma delas, de que as mulheres devem copiar os homens. Oi!?

Pesquisas mostram que a predominância de líderes seniores do sexo masculino não é o resultado de um talento superior dos homens, pelo contrário, mostram que a disparidade de gênero na liderança de talentos, ou é inexistente, ou realmente favorece às mulheres. É sério isso meninas!

Pensando nisso, não seria mais lógico mudar o remédio sugerido? Em vez de incentivar as mulheres a agir como os líderes homens, deveríamos pedir aos homens no comando que adotassem alguns dos comportamentos em liderança mais eficazes, comumente encontrados nas mulheres, como o autoconhecimento e encantamento.

2) CONHEÇA SUAS PRÓPRIAS LIMITAÇÕES 

Vivemos em um mundo que valoriza a autoconfiança, mas é muito mais importante ter autoconhecimento.

Em geral essas duas características entram em conflito, pois ao conhecer nossas limitações (defeitos e fraquezas) temos a possibilidade de identificar as lacunas entre onde queremos estar e onde de fato estamos.  Quando nos autoanalisamos sob uma ótica mais crítica do que as outras pessoas, somos capazes de nos preparar e buscar respostas, o que é uma maneira sólida de ampliar nossas competências e desempenho.

Embora nós mulheres sejamos um pouco inseguras, mas não tão inseguras quanto as mídias demonstram, em geral somos menos superconfiantes do que os homens o que nos faz buscar mais conhecimento com maior frequência. Isso é reflexo do machismo estrutural que permeia toda a nossa sociedade.

E aí que tá o pulo do gato, podemos construir (Construir o quê?) como quisermos e da forma que acreditarmos sermos melhores. Então estude muito e sobre tudo! Leia livros diferentes, assista jornal, séries sempre com o olhar de construir novas formas de agir e pensar.

3) ENCANTE

Estudos acadêmicos mostram que nós mulheres temos maior propensão a liderar através da inspiração, alinhando com leveza, significado e propósito as atitudes e as crenças das pessoas ao ambiente organizacional.

Uma vez que os grandes resultados estão associados a altos níveis de engajamento de equipe, desempenho e produtividade, esse é um caminho essencial para a melhora do desempenho da liderança. Bom, já tive grandes resultados com minha equipe, recebemos muitas premiações e isso eu garanto: Não existe grandes resultados sem engajamento!

Conquistar a alma e o coração das pessoas só é possível quanto a gente coloca as pessoas à sua frente, somente fazendo isso é possível promover o bem-estar e destravar o potencial da nossa equipe.

Não vivemos em tempos medievais. A liderança do século 21 exige que nós consigamos estabelecer uma ligação emocional com os nossos pares e, possivelmente, essa talvez seja a única razão para esperar que evitemos a temida automação. Enquanto ainda tivermos pessoas no trabalho, essas pessoas irão desejar a validação, o apreço e a empatia que só elas – e não, máquinas – conseguem prover. Os homens podem aprender como realizar isso de forma efetiva e afetiva, observando e imitando nós mulheres,assim como, por muito tempo, nós nos inspiramos neles.

No final das contas, o único aspecto controverso de nossa visão é a noção de que aumentar a representação feminina na liderança faz aumentar, em vez de diminuir, a meritocracia. A melhor intervenção na igualdade de gênero é concentrar-se na igualdade de talentos e potenciais, o que só acontece quando há igualdade de gênero na liderança a fim de possibilitar aos homens o aprendizado de diferentes abordagens de liderança com as mulheres, da mesma forma que a elas foi dito para que aprendessem essas abordagens com eles.

Enfim, aos homens, essas lições aceleram seu desenvolvimento de liderança. Aproveitem!

Às mulheres, essas são as razões pelas quais vocês já deveriam ser líderes e por que devem agora exigir o que merecem.

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2 respostas

  1. Perfeito!
    Bastante produtivo toda a argumentação textual!
    Parabéns.👏🏽👏🏽👏🏽

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