Hey!
Você sabe qual o caminho que os produtos que você consome fazem para chegar até você? O processo é inclusivo ou excludente? Isso te importa?
A essa altura do campeonato, você pode estar me perguntando: mas Poli o site não é para falar de sustentabilidade no mercado das artes? O que isso tem a ver?
Explico.
Para chegar ao meu objetivo de te fazer compreender, porque é importante saber a origem dos seus bens de consumo, primeiro eu, que sou Antropóloga, preciso te explicar a definição antropológica de cultura.
Para a Antropologia, a cultura é um conjunto de símbolos construídos e legitimados por um grupo ou sociedade por meio de sistemas de classificação e organização social. A cultura é uma criação humana, aprendida e transmitida de geração a geração. Essa definição se aplica a tudo, a todo momento e sempre, não somente àquele vozinho tocador de cururu.
Paro aqui para trazer outra questão que converso sempre com minha parceira Carolina Barros ( a cérebro de nossa dupla Pink e Cérebro, no caso, eu sou a Pink rs). Nós observamos em alguns discursos e nas práticas de diversas personalidades artísticas e políticas a definição de cultura sempre associado a produção artística. Esse conceito também está inserido em políticas de gestão de instituições de cultura de todo o Brasil e mobiliza muitos artistas a reivindicar seus direitos ao sustento de suas carreiras em secretarias de cultura de todo o Brasil. Importante frisar que ao citar essa questão não quero aqui deslegitimar esse movimento.
No entanto, entendo que a cultura somente praticada a partir desse viés, causa ranhuras no próprio movimento e muitas vezes pode direcionar a produção artística apenas a fruição e não ao desenvolvimento e a responsabilidade sustentável de sua própria criação. Como disse em outro texto: a nossa existência não pode ser somente direcionada a busca pelo dinheiro. A que se refletir sobre a responsabilidade de nosso “estar no mundo”.
Estamos vivendo um momento na história em que a coerência de nossos atos está sendo questionada o tempo todo. Então, não adianta apenas se esforçar em criar uma contrapartida ambiental que serve somente para que você vença um edital. É preciso trazer essas ações para o cotidiano não só doméstico, mas também para o âmbito de todas as nossas relações, sejam com seus fornecedores, prestadores de serviço e até o seu público alvo.
Por isso é importante saber qual a origem daquilo que consumimos e se esforçar cotidianamente para fugir da cultura da zona de conforto que a cultura de consumo nos ensinou a manter.
A repetição da palavra cultura no parágrafo é totalmente consciente, justamente para reforçar o nosso potencial de criadoras de cultura. A partir daí, eu te pergunto: Que tipo de cultura artística, responsável, consciente e global, podemos criar em nosso estado?
Faz sentido para você?
Aqui em baixo eu indico alguns conteúdos que podem te ajudar a “pensar fora da caixa”
Aproveite!
Conheça também os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável: https://odsbrasil.gov.br/
O Itaú Cultural elaborou uma edição especial com textos que discutem cultura e desenvolvimento sob a perspectiva das ODS. Você pode ver aqui: https://www.itaucultural.org.br/revista-do-observatorio-27-cultura-e-desenvolvimento7
Quem quiser saber mais sobre o conceito de cultura na Antropologia. Deixo aqui o link do livro: Cultura, um conceito antropológico de Roque de Barros Laraia. https://projetoaletheia.files.wordpress.com/2014/05/cultura-um-conceito-antropologico.pdf