O artista e a sustentabilidade – Como ser agente transformador de um mundo mais justo e sustentável?

Quando penso no título desse texto me vem à cabeça toda a minha jornada até aqui, e é dessa história pessoal que partirei.

Hoje sou uma profissional que pensa a sustentabilidade em tudo que faz, nas relações, atividades criativas, culturais, nos momentos de ócio. Pequenas e grandes escolhas me rodeiam a todo tempo, deixo de comprar algo porque a embalagem gerará muito resíduo, pesquiso a história das empresas antes de adquirir algo, e priorizo comprar do produtor local para que impacte menos ambientalmente e ao mesmo tempo possa movimentar a economia local, entre muitas outras ações que posso compartilhar ao longo dessa prosa com vocês.

Iniciei aos 15 anos quando virei vegetariana por influência de uma amiga, a Lau Peixoto e preciso confessar que durante muito tempo eu adorava dizer que era vegetariana porque eu me sentia diferente dos demais, me conferia uma certa unicidade, adolescente, sabe!?  Percebe que havia zero consciência na minha escolha, era mais uma forma de me destacar. Porém com o passar dos anos fui percebendo que eu me sentia melhor de saúde e que era possível viver sem carne e sem crueldade com os animais, ao contrário do que sempre me disseram. Perceba que eu falo da minha experiência, para ser sustentável você “pode” comer carne, mas precisa conhecer a procedência desse alimento e compreender que é uma escolha que impacta sim e muito o meio ambiente, e que existem outras ações que pode fazer para compensar, de forma que a sustentabilidade ainda seja uma prática sua, mesmo que em escala menor. 

 Eu considero esse um ponto de partida importante, pois foi a partir dele que eu comecei a pesquisar a procedência das coisas que eu comia, descobri o veneno que nossa comida continha, como a indústria alimentícia se comportava, o quanto de resíduos eram gerados quando eu comprava alimentos industrializados ao invés de comprar alimentos in natura e cozinhar minha própria comida.

Desse momento em diante fui ampliando minha visão de mundo sobre Sustentabilidade e comecei a mensurar a minha pegada ecológica, ou seja, o quanto de mundo eu consumo enquanto vivo. A partir dai a sustentabilidade foi me habitando, consumindo meu mundo e minha atenção e chegou até o meu fazer profissional como gestora cultural e social. 

Hoje antes de executar qualquer projeto (independente do tamanho), sigo um check list que criei para utilizar na hora de desenhar uma ação criativa/cultural. Vamos nessa?

  • Escuto o público beneficiário dos meus projetos? Ação básica, né!? Pior que não, muitos de nós deduzem o que o outro quer e muitas vezes esquecemos de realizar diagnósticos de escuta como forma de saber se as necessidades daquele público serão atendidas com a minha proposta. Muitas vezes é somente um descuido, mas outras é uma visão colonizadora sobre o outro, ainda mais quando envolve a famosa frase: “Levar Cultura para as pessoas”. Importante lembrar que as pessoas possuem Cultura, o que você deseja é ampliar o repertório delas, então nada mais interessante que você perguntar se ela deseja ter acesso a essa atividade proposta.
  • Reduzo as desigualdades existentes? Outra prática sustentável é quando eu me questiono como a minha arte/projeto pode ajudar a reduzir as desigualdades existentes (gênero, social, racial etc)? Eu promovo alguma reflexão, sou defensora de causas que merecem ser debatidas pela sociedade, uso a minha visibilidade para conscientizar o meu público da importância de termos equidade no mundo que vivemos!?
  • Acessibilidade. Prevejo ações de acessibilidade nos projetos que produzo, seja ela comunicacional, arquitetônica, atitudinal?
  • Busco parcerias para realização da ação?  Potencializando assim o meu projeto e reduzindo custos sem perder qualidade?
  • Remunero de forma justa os colaboradores e proporciono condições de trabalho dignas? Fiscaliza se a empresas que realizam transações comerciais   não utilizam mão de obra análoga a escrava, seja contratação direta ou quando terceirizo os serviços? Lembre-se, é uma responsabilidade sua as condições desses trabalhadores, mesmo que eles não sejam teus subordinados diretos. 
  • Compro de fornecedores locais? Mesmo que isso represente um valor adicional, é importante colocar o custo ambiental nesta aquisição, as vezes o valor é menor, porém representa um dano ambiental impactante e expressivo.
  • Impacto ambiental.  Você se preocupa com os resíduos gerados no ato da realização da ação ou/e durante seu processo produtivo?
  • Participação política. Esse é um dos pontos mais importantes na minha opinião. Aí eu te pergunto: Como é a sua participação política, os candidatos que você escolhe para votar incluem a sustentabilidade no seu plano de governo? Você exerce controle social cobrando os detentores do poder e com possibilidade real de mudança (governantes, grandes empresários) acerca de políticas efetivas na nossa sociedade no que se refere à sustentabilidade?

Eu poderia ficar horas e horas aqui citando práticas sustentáveis, mas sei que nós agentes da Economia da Cultura e Criativa temos potencial de sobra para descobrirmos formas e maneiras de impactar menos o mundo que vivemos. Vamos colocar a nossa criatividade para funcionar e mapear, criar e implementar ações para construção de outros mundos possíveis!?

Agora eu te pergunto, qual o teu check list de práticas sustentáveis na tua produção artístico cultural?

Deixe-me saber!

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